quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Amar o mar

E quando acordo
A vontade
O vôo
As asas
O mar sem fim e a areia
Os passos que afundam
A água salgada
O mar
Sempre o mar
O eterno retorno das ondas
Da vida que recomeça quando parece acabar
Da planta que floresce a cada primavera
E quando acordo
Apenas sorrisos
Apenas palavras
Apenas vida
E ainda o mar

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Deus lhe dê saúde

O olhar pede
O braço estende-se a cada passagem
O corpo curvado, sob uma manta envelhecida
E um lenço molhado pela morrinha matinal
A idade não perdoa

O olhar pede
Brilha a cada possibilidade
Não podia na ida, havia de passar na volta
Basta uma moeda, só uma
Para acompanhar as poucas
Insuficientes para o fundo
Insuficientes para a vida

O olhar pede
E na volta, estendo a mão
E a senhora estende a caixa branca, quase vazia
Sorrio e digo bom dia
"Obrigado", diz
E, iluminando meu dia,
"Deus lhe dê saúde"

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Fado

Triste fado que embala a dor
Convence a dor que a vida é fardo
E a felicidade que se sente, esvai
Tarde lembra que tudo é curto
Que o simples é mais importante
E que da dor experiente
Nasce o sorriso do amanhã

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Aprender

Quero aprender mais
Conhecer o presente
A causa, a consequência
O absurdo
E questionar
Tornar o fato em dúvida,
A arte em sonho,
A Natureza em poeta.
Amar o saber
Mas também saber amar
Aprender nas linhas,
Desfiar nos textos
E cruzar horizontes
Viagens sem destino
E com objectivos
Sorrir, sentir e crescer

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Hoje

Hoje durmo, hoje acordo
Meia noite, no meio da noite
Penso, vôo, madrugo
Avanço um terço
No quarto, na quinta
E o alvoroço,  o silêncio
Tudo fala, nada ecoa
Pardo céu, tardia lua
Telhado cego
Vidro molhado
Sabor de chuva
E a terra e a Terra
Mãe
Do M que escapa à língua
Da língua, da pátria
Da comunicação
Da ação comum
Verde
Sem rédeas,  apenas
Hoje

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Des Construir

Construir
de palavras soltas, palatos,
uma língua comum a nações.
De soltas, passam a frases, linhas,
tomam corpo,
forma, espaço e sombra,
som, sol e solidão.
Sob a árvore, sobre a cama,
entre o livro, outrora papel,
outrora pedaço de árvore
abrigado no leito
do rio da escrita,
a des construção,
as partes que justificam o todo,
o simples que parece complexo,
Deus em forma de tinta.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Movimento

Vento em manto sobre a areia
Forma, cria, partilha
Os que vêem o que escreve
Deixam o seu toque enrolar os cabelos
Em ondas, sonhos, sorrisos
Em bocas, em beijos
E o mar, a oscilar em espuma
A mover o momento
Movimento

terça-feira, 11 de junho de 2013

Saudade

A saudade que o mar agitado trás
é espuma em círculos na areia.
O olhar salgado ora vê o horizonte,
ora acaricia a areia, ora ora.
Faz da nuvem um altar
E do Sol omnipresente.
Saudade e sal
"É solitário andar por entre a gente"

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Palavra

A palavra que sai da boca
É arte, karma, felicidade e tristeza
Primavera, verão ou outra estação
É qualquer coisa, tudo ou nada
Uma gota d'água, um oceano.

No destino, a palavra lavra.
Revolve, engravida e espera
O tempo ajuda e quando nasce,
o fruto é mais que uma palavra
É um texto raro
um olhar do leitor
um sorriso do poeta.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Flor do silêncio

Por mais que escute
Por mais que olhe, veja e não perceba
A música
A combinação de notas
Não desvanece,  não enjoa
Não é moda nem de passagem.
É toda vida, pulsar de um momento,
Valor para quem escuta,
Fronteira da mensagem
Para quem a concebeu,
Como um toque silencioso
Numa flor que está lá
Mas não é visível aos olhos da rotina.

sábado, 6 de abril de 2013

Tempo passa

Tempo passa
faz passado o que desejo abraçar
e futuro o que já abracei.
Braços abertos ou entrelaçados,
uma força revolve os pés, as raízes.
Ramos e folhas, família, ramificações.
Não tenho medo do que está por vir:
o caule verde verga-se ao vento,
mas o tronco experiente é sábio
e firme trespassa as horas do Tempo.
Mantenho a alma verde
por mais anéis que se criem,
por tantas estações, cores,
árvore, apenas árvore.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Notas


Preto e branco, alternadamente
As notas, que são martelos sobre cordas
saem do piano da vida em altos e baixos
ebony and ivory
in perfect harmony

Ouvir cordas


Ouço cordas
Vejo dedos sobre o nylon de uma guitarra
Não sei de nenhum instrumento que me toque mais
Sons que ecoam como poemas no pensamento
Esta música é alma
E a arte de ouvi-la é tão forte que compreende
a própria arte de fazer-se ouvir,
da corda que toca e percorre o ar
à espera de um dono

Alma e excitação


Fado
O que há em mim, música
De alma e excitação - diga-se soul and jazz
Transparece, sobressai, agita
E o que a música em si carrega
da tristeza de uma vida faz uma canção
uma fado, uma guitarra, uma voz
um coração

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Tristeza do Mundo


Há quem diga que a Natureza costuma chorar quando duas estrelas se separam.
A tristeza da Natureza ocorre em dias e noites de tempestade, quando todas as estrelas
escondem-se_________________________________
É como se as nuvens tentassem proteger a harmonia das restantes,
aliviando-as da separação
da dor
Um dia, quando a chuva acaba, fica a terra lavada, o sol aquece
as mãos do Mundo percorrem o coração
que desacelera
acalma
e espera...