segunda-feira, 31 de março de 2008

Palavra-brilhante

Qual palavra-fulgor

liberdade, ar, mar, âncora, terra, sede, rede

qual metáfora, metadado, hipertexto

ser, ter, poder, sentir, tocar, viver, amar

qual folhas da árvore baobá

eu, tu, ele, nós, vós, eles, todos

qual quer, qualquer, mal-me-quer, bem-me-quer

tanto-me-quer

palavra-brilhante

luz, entretanto, silêncio

ou simples palavra

ou simples brilho

ou outro, outra, ou

Uma pausa à poesia I - Respeito Mútuo e liberdade

O mundo que me rodeia me chama à poesia.  Esta chama que encontro em pequenas coisas desperta a palavra e daí, só me resta escrever.  Mas acho que por vezes, temos que parar a escrita e pensar mais nos problemas que ainda temos por resolver.  Sendo assim, faço a pausa.

É uma das "idades" das formas de amar que abordei, é a bandeira do 25 de Abril em Portugal e é a palavra que supostamente não podemos ultrapassar ou passar sem.  Mas não é bem assim.  Alguns de nós ficaram chocados com o vídeo do Carolina Michaelis, outros não.  Alguns por um motivo, outros por outro.  O meu motivo (sim, fiquei chocado) é o da evolução da liberdade em Portugal.

Vamos por partes.  Em Portugal houve uma alternância de poder, não o poder político que estamos acostumados a julgar, mas o poder ideológico, o poder oriundo da liberdade.  Nesta alternância, o que era ditadura deixou de o ser, e a palavra brilhante, a "idade" dita mais forte pela sua utopia, alcançou tudo e todos, mas não alcançou da melhor forma.  Quando no passado, os professores exigiam respeito e disciplina usando violência, muitas vezes estimulados pelos próprios pais dos alunos, havia um desejo de mudança.  Agora, ao assistir os professores na posição inversa, acredito que a alternância não fez mais do que a sua própria semántica, trocando o poder de lado.  Não há vencidos ou vencedores, não há culpados ou inocentes, quando todos nós somos perdedores do real sentido que está por trás da liberdade neste caso: respeito mútuo.  O que digo aos professores é que continuem a respeitar a diferença, mas não percam a integridade, a personalidade.  O que digo aos alunos é que pensem no que realmente querem do seu futuro.  Na educação da liberdade está a semente do futuro desta palavra, assim como na educação de uma forma geral está a do nosso próprio futuro.  Sem respeitar um professor não estamos a respeitar aos que lutaram pela nossa liberdade, não estamos a nos respeitar, não estamos a respeitar aos nossos filhos.

sábado, 29 de março de 2008

RespirO AR

O espaço do EU, o ar que me falta, o que preencho em palavras, grande ajuda ao mar do que sinto.

Faço do espaço o eu_____________________________eu.

Procuro o silêncio, no AR que respiro, no poço do sentimento.

O AR, vazio, por respirar, aguarda o aviso.  Creio na força do punho, daquele que escreve.

Como pode em escrita o espaço ser aço______________________solidez.

Mar salgado, quanto do teu sal, quanto do teu sangue, quanto do teu corpo, quanto do teu AR

palavra-fulgor________________________AR_____________pequena dor.

Algo entre, entretanto, quando, sutilmente, fechada, palavra brilhante, RespirO.

Livre livro

Como um comentário deixado para um post de um blog, o livro é livre.  Após o parto, segue seu próprio caminho, como se toda luz de um comentário iluminasse a casa.

Livro, livre, reinterpreta as folhas da árvore, branco espaço sem nota, à espera de leitor.

Livre, o livro trespassa, alcança, arrebata.

Livro-me liberto da falta, palavra em êxtase, livre em fulgor.

Livre em livro.

apenas folha e

letra.

Noites Brancas

Branco Espaço Sem Escrita.  O que não fiz é arrependimento, o que ainda posso fazer é motivo.  Fecho a página do livro, lembro do sofá em pele, lembro do meu avô ceder seu lugar quando ia dormir.  Ontem meu tempo estava comigo, no copo de vidro vazio, no bar da aldeia. Hoje meu copo vazio está comigo, o gelo derretido, a música em repetição.  Noites brancas sob o céu negro em abóboda, caminhei na estrada a subir para a vila nova, algum lugar que foi novo, uma nova vila de uma antiga aldeia, agora mais que aldeia, talvez cidade.  As casa crescem, as famílias mingam, o tempo escoa.  Eu vou para longe, faço minha vida noutro espaço, continuidade de um frio inesquecível de uma noite, mas sento-me no lugar que ele me cedeu.

minúscula letra

letra, de som ou de palavra, minúscula.  minha sombra caminha em movimentos tortuosos, acompanhando a embriaguês do corpo.  a mente continua sã, minúscula palavra brilhante, concentrada, à espera do big bang, terra à espera de um terremoto.  o fértil pensamento que constrói o caminho de volta à casa passa os olhos pelo chão, procurando buracos no grude.  ando sozinho, mas o céu reflete a luz da lua, companheira dos navegantes da madrugada, dos pobres de pertença que procuram o abrigo no próprio eu.  continuo em linha reta, esquecendo o som abafado que ainda ecoa na cabeça, do café que tocava qualquer música da rádio, no dia que acaba em fim de semana. ando sozinho, e parece-me ainda escutar a letra, minúscula letra que fecha o alfabeto e que resume o fim da madrugada que também fecha meus olhos sobre o travesseiro: z.

envelhecer

reflexo cruel que mostra o corpo que não é minha alma.  minha pele ganha rugas enquanto escuto músicas da adolescência, de viagens que fiz há anos, de tempos que não voltam.  vejo apenas o chão preto, uma rua vazia, uma madrugada silenciosa e enevoada.  ao fundo a luz da memória, ecos que não me deixam dormir, espelho da incongruência entre matéria e espírito. choro. o tempo rui, o metro continua a ranger no ferro, o tempo reconstrói, a memória viva não pode ser esquecida, mesmo que perca-se em linhas digitadas num post de um blog.  envelheço as palavras, envelheço as memórias, e desenho a esperança necessária para novos tempos, pois envelhecer nada mas é do que ganhar experiência e perder juventude.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Das formas de amar V - outras idades

Curiosa idade, última para uns, experiente para outros.  Amar não tem forma no espaço-tempo, não depende de coordenadas e cria seus próprios eixos.  Se olho para o Tempo, vejo a Terra e sua idade, vejo meus avós, os pais deles, e quando penso em todas as relações que constroem a rede familiar, descubro que há um amor que ultrapassa este limite que meus olhos alcançam.  Este amor de outras idades, evolue, transfere-se por algo entre tradição e hereditariedade, algo entre o que pensamos e fazemos: está na palma da mão, no local indefinido que chamamos eu e que já foi de outros, de gerações que passaram por cá, de pessoas que plantaram suas sementes nesta terra, de antepassados presentes, de outras idades que permanecem em rede.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Das formas de amar IV - fraternidade

Pátria, mátria, fátria.  Desta terra que todos pisam, deste mar que todos navegam, do ar que todos respiram.  Se de todos é cada parte e se de cada parte, em uníssono, obtém-se o todo, porque não há fraternidade?  Porque o coro de todos não é a voz de cada um por todos, porque o coro de um é mais que de outro?  Porque o silêncio quando o som faz-se ouvir?  Fraterna idade que ainda não tem consciência do real.  Real idade onde já não há fraterno.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Das formas de amar III - amizade (2ª versão)

Quando julguei este post perdido, esperei.  A amizade ganha-se quando perdemos a nossa estúpida resistência, quando deixamos de trocar em contrapartida, quando simplesmente encontramos nós nos outros.  Hoje aprendi mais sobre a amizade, não como no primeiro post, em que limitava-me à importância da rede que nos ampara a queda.  Esta rede pode tornar-se frágil quando não usamos os melhores fios, quando não atamos os nós como um pescador.  Os nós da rede, o eu da rede, o outro da rede, aquele que ensina, aquele que aprende, troca da pesca, dar a vida ao mar para ter o peixe, vida em rede, retalhos unidos em tecido, amizade.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Das formas de amar II - paternidade

Ontem li um outro ponto de vista de uma história familiar bem conhecida que se passa no ano zero:

[...] uma mãe adolescente, com a coragem de enfrentar a gravidez, e a educação de um filho, contra toda a má língua da vizinhança, baseada apenas na sua imensa Fé; Deus, um pai «biológico», que confia a guarda de Maria e do seu filho Jesus a um pai adoptivo. E José Carpinteiro, que assume o papel de verdadeiro pai até ao fim.

Isabel Stilwell in Destak 19-03-2008

A história de luta deste pai adotivo/afectivo, ultrapassa todos os preconceitos e pré-conceitos da sociedade, levando-nos a repensar o que será mais forte: a consanguinidade de uma herança biológica ou a afectividade do dia-a-dia de comunhão. Desta comum união que liga o pai afectivo ao filho que até pode não ser seu, nasce outra forma de amar, para além do que é tangível, algo que nossas regras não podem compreender nem sequer aprender com. O mesmo editorial termina com mais um motivo para reflectir:

[...] pendurem a imagem de S. José nos tribunais. Talvez assim se inverta a tendência para em 94% dos casos atribuir o poder paternal à mãe, abrindo a porta à exclusão do pai da vida dos seus filhos. Para não falar na ajuda que dava quando o que está em causa é a opção entre um pai só biológico, e um adoptivo que se dispõe a amar, mesmo que esteja ainda numa lista de espera.

Isabel Stilwell in Destak 19-03-2008

Das formas de amar I - liberdade

Demorei algum tempo para perceber isto.  Por vezes tornamo-nos possessivos com o que amamos, a tal ponto que sufocamos o ser amado, julgando ser possível moldá-lo à nossa forma, à nossa vontade. Em análise, chegamos à liberdade de cada um de nós ou a falta dela.  Quando somos livres e damos liberdade aos outros, estamos preparados para amar. Ninguém sobrevive enquanto posse, porque nós não nascemos para possuir, apenas para ser e pertencer.  E desta pertença, desta troca com cedências, resta-nos compreender o espaço que o outro ocupa, compreender e aprender com a liberdade, à procura de uma nova forma de amar.

terça-feira, 18 de março de 2008

Just like heaven

Thank you, The Cure, for that song.  Once this song was perfect to me, now, how it should be possible, it's more than that, remembering me when I was teenager, between a mix of nostalgia and happiness.  You should hear it too!  As I just try to follow this feeling as a glow scene (sorry for that direct translation from the portuguese cena fulgor), I'll listen to it just twenty times, just like heaven.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Estúpida retórica

O que me adianta continuar com meu estúpido NÃO?  Liberdade ou conivência, oposição ou falsa opinião, ópio do não.  Quero ser eu e pensar pelo outro, ter a dupla consciência, estar sobre os dois eixos, projecção do hipercubo, a visão renovada da visão ou apenas conseguir olhar e ver.  Onde queres o sim, sou estúpida retórica.

A pergunta

Como ver o fio que conduz Corpus Hermeticum ao filme que me fascina?  Qual a palavra que devo usar para o que não quero dizer?  O que está sob a ponte entre acreditar e continuar?  Porque  leio o que escrevo?  Quantas perguntas! Quando a resposta?  Amanhã talvez, ou mais tarde, quem sabe?

Porque somos escrita

Há muito que a palavra não me basta e reaprendo então a reescrever, reler, repensar, remexer.  Do que fica à tona, palavra-esponja, água de escrita, fala em forma de letra, já não me satisfaz.  Quero a outra, quero aquela, quero a reinventada, só não me tragam a mesma.  O que faz eco já não me chama, o que destoa já se desbota e o que me dizem entra em desarmonia. No padrão do tempo, relógio das horas, faca do pão do café da manhã.  Café sem café, leite com chocolate, banana, maçã, ou outra fruta qualquer.  Porque somos carne, porque somos peixe, porque somos tantos, porque somos outros, porque somos escrita.

O livro que me chama

Este que me chama, fogo, princípio do mundo, agora em terra.  O mar fica para trás, navegante sem rumo, parte de escrita e outra sem par.  Fico à deriva, braço sem espada, prefácio de um corpo, balanço sem queda, parto.  Quem torna ao porto, ancora, desespera, alma sem corpo, abraço sem força, mar de salina.  Palavras soltas de um livro que me chama, do seio do fogo, princípio de tudo, eterno retorno.

Alquimia do eu

...aprenda com o mestre que você é.  "Você ensina melhor o que mais precisa aprender".  Dedicatória escrita em 10 de Dezembro de 1981, no livro Corpus Hermeticum.  Memórias do primeiro curso de Francês, numa escola da Lagoa, no Rio de Janeiro, Brasil.  Uma piramide com anel de cobre.  Tinha eu dez anos e parece que adormeci.  É tempo de recomeçar a aprender, eterna busca, na alquimia do eu.

March 17th

Another Monday.  Finally I saw the first and the second Ghost in the Shell movies.  From the cyberpunk movies that I saw, these brought me much more than I expected.  Not only for the extraordinary design and characters details, but also for the script and philosophy behind both. Simply great.

sábado, 15 de março de 2008

7 maravilhas

A meio do caminho para conhecermos as sete maravilhas mais votadas de Matosinhos (decorre entre 15 de Fevereiro e 15 de Abril), deixo cá o que foi meu voto.

DSC01711

O Mosteiro de Leça do Balio é um monumento de estilo gótico com origens no século XII.  Para votar: As 7 Maravilhas de Matosinhos

sexta-feira, 14 de março de 2008

Ser humano

Tu existes em ti próprio e persistes.  Tu és o rei e o escravo, o princípio e o fim do fio que te sustenta.  Teus caprichos são prezados e odiados.  Fazes cópias de ti mesmo na esperança de não morreres, mas teu rio já secou e as pedras do fundo agora flutuam no vazio da tua existência.  Então choras, depois ris, dormes e continuas a sonhar.

Desperdício

Eu consumo logo existo.  Houve períodos de hino à utilidade, produtos com funções definidas, usados por décadas.  Disponíveis agora em qualquer grande superfície, o nicho que faltava está preenchido, o que não existia já está criado.  Não desmereço a capacidade de reinventar um produto, questino o desperdício.

A necessidade que não existe não é sinónimo de inútil, apenas dista do fundamental.  E quando levamos para casa algo que é fixe, é barato, mas não é fundamental, será irremediavelmente parte da decoração do sótão, em poucos anos, ou esquecido no fundo da gaveta, ou jogado ao lixo, sem remorsos, após um incidente quase acidental.  Desperdício.

Ecologia? Não necessáriamente.  Cabe ao senso comum estabelecer um padrão, uma cultura, um processo.  Ser ecológico já é um processo actual, uma moda ou mais um mercado.  O desperdício tem uma razão mais efémera, complexa e persistente, coexistindo com este dever: é um acto ecológico jogar no local adequado os restos do produto já sem valor.

Somos os netos da Revolução Industrial, filhos do Mercado de Consumo, da massificação do produto.  Enquanto admirámos as cores do arco-íris nas prateleiras comerciais, preenchemos falhas de emoção.  Olho para meu lixo em quatro partes (orgánico, vidro, papel e plástico) e penso nas quatro partes da sardinha que meu avô via serem divididas por sua mãe.

Qualquer coisa

Já está de manhã e ainda estou aqui.  Qualquer coisa basta, mas a procura não acaba quando não procuramos o eu e sim, o nós.  Dentro de mim, qualquer coisa, mas não sei o que.  E já estou para lá, anoitece em mim para que acorde novo, sol da meia-noite, vida em tua vida, eterno amante do efêmero.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Silêncio

A panela de pressão arrebentou, o som fez-se expandir por toda a vizinhança.  Vamos ficar cá quietos no canto do quarto, como se nada estivesse a acontecer.  Aos poucos, todos apagam as luzes, descem os estores, voltam para suas vidas, volta o silêncio, esvai-se o que se quer como esquecido.

Ceder

Recuperaste a palavra José.  Espero que recupere a semântica tanto quanto a sintática.

Saudade

Já se tinha habituado a estar com o pai só de quinze em quinze dias, mas naquele dia a menina estava diferente.  Quando percebeu que estava agora no colo da mãe e que por mais duas semanas não poderia brincar com o pai, a menina olhou para ele com olhos vidrados e fez um beiço.  Aquele gesto sem som lembrou-lhe o quanto intensa é a palavra saudade.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Chegou o Verão

A menina não queria acreditar que era impossível ir para a vila onde mora a bisavó para tomar banho na piscina. O pai, sempre em busca de uma boa justificação, explicou que não tinha como levá-la e que, como ainda estavam no Inverno, ainda tinham que passar pela Primavera para chegar ao Verão. Percebeu que não havendo Verão não poderia aproveitar a piscina e usou da sua arte para apressar o Verão, ao olhar para uma réstia de sol que resistia ao dia de chuva:

- Chegou o Verão. Eu quero ir para a vila.

domingo, 9 de março de 2008

100 mil

Ontem levantaram-se cem mil, não por ti, mas antes contra a fome.  Continuamos famintos de palavras, José.  E agora?

Mulher

Foi por ti que esperei até o anoitecer para te escrever.  Não mais cartas como antigamente, porque os tempos mudaram e agora escrevem-se emails e posts.  Os tempos mudaram.  De tantas conquistas e de tanto ainda por fazer, continuas tu a mãe do mundo, gerando e concebendo-nos, e quando chegas em casa, depois de tanto trabalho, apetece-te descansar ao meu lado.

sábado, 8 de março de 2008

Pai

Há pais coruja, pais que trabalham demais, pais que dormem à tarde, pais que só pestanejam, pais com coração mole, daqueles que choram quando viajamos.  Meu pai é tudo isto e é mais, ele é o único ser que conheço que é capaz de viver exclusivamente pela família.  Com seu ar simpático, conquista pela simplicidade, falando de seu maior prazer, do que em qualquer casa portuguesa fica bem, sobre a mesa.  Sobre a mesa em que ficam os sonhos que transformam a farinha em pão, o princípio da sua vida.  A família cresceu e emigrou, reafirmando, mas no sentido contrário, o que já ele próprio havia feito, e também destes nasceram outras realidades, outras redes, além-mar.  A vida que nasceu do pão, e que alimentou a família, alimenta a própria vida, num ciclo que justifica-se a si próprio, como está numa simples palavra, o texto que muda o mundo, pai.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Seed seeking

The World is under global warming process of minds, conscious thoughts are bought and became commercial, differences of earnings became a black hole. I'm still searching in what to believe, to draw the line of a normal life, but I can't. What should we do? Do you remember the water drop in the ocean? The old bullshit of changing something by starting lighter, I know. Why not a different way of thinking big things, by the small parts of them? Each day, a little change, in a small part. I already started and you? Don't look backward. Be the seed.

Quase

É quase quinta.  Os galos cantam daqui a uma hora.  O silêncio descansa a cidade de Matosinhos até o comboio do Metro ranger no ferro do trilho.  É quase quinta.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Repost, reblog

Resolvi reformular o post Quarta-feira vai ter feira.  Renomei para Quarta tem feira.  Alterei igualmente o texto.  Acho-o mais consistente agora.

Alterei o link em Cena fulgor.  O site Espaço Llansol é excelente e é um bom caminho de redescoberta da importância da obra desta escritora portuguesa à qual dediquei o post.

A casa amarela

Nesta outra casa viveu um casal infértil.  Por ali passaram outras vidas, cujas esperanças ali igualmente acabaram.  Pois é, você ficou só. Todos foram-se, só ficou a casa.  Se não nos dão fertilidade, porque semear a falta dela?  Não adianta agora.  Eles já se foram. Só ficou a casa!  Repetir para quê?  Você não escuta, você tem fome e sede, mas tem corpo de pedra, prefere virar pó.

A morte e a morte

Um dos enigmas da morte mais paradoxal é o dia-a-dia.  Causa-nos confusão o corpo que falta, as palavras que não serão ditas, a expressão do rosto que não mais veremos.  Esta falta não é saudade, não é desespero, nem tristeza, é simplesmete a falta, como chegar em casa e perceber que não há mais janelas, nem portas.  Este vazio criado do que fazia parte do nosso dia-a-dia e que não nos dá retorno, tão simples como a repetição de um gesto, faz-nos confusão e é a partir deste momento que se inicia outra morte, mais lenta, metafísica, desta vez complexa reaprendizagem, entre a presença e a ausência.

Quarta tem feira

Continua a violência em Portugal.  Para que fazer dieta se não sabemos comer?  Temos fome de educação e sede de desenvolvimento.  Temos a faca e o queijo, mas falta a vontade ou talvez a mão.

segunda-feira, 3 de março de 2008

O avesso ao avesso

Direito é ser esquerdo, reconstruir o que foi destruído, revolver a terra firme, esperar a banda passar ou ir com ela também.  O avesso ao avesso não coloca a tampa às garrafas, não alinha os talheres quando acaba de comer, questiona quando tem que falar e sorri quando tem que dizer.  É contido nos melhores momentos, mesmo que os outros não esperem contenção.  É criança sem ser infantil, é adulto sem ser velho de espírito, é velho sem ser antiquado.  O avesso ao avesso é o que adormecemos e queremos acordar e quanto mais penso no assunto, mais avesso fico ao direito.

Rosto da ausência

Acho que nunca escrevi sobre meu avô.  Sim, usei as palavras para lembrá-lo, por ele, por nós, mas não sobre o que sempre senti.  A presença ausente na casa que foi sua, na placa de lousa que marcou tão bem os 50 anos de casados, nos escritos no papel de parede, na preocupação com as infra e macroestruturas do lar.  A casa.  Ele está lá em cada canto, fazendo-se passar por memórias que brotam dos objectos.  Tudo extravaza, ultrapassa a capacidade de armazenamento e nasce das coisas.  A sua vida depois da matéria, não para ele, mas para nós que cá ficamos a observar as estrelas, não cabe em si.  Percorre então cada pedaço do que plantou e floresce, como um rosto ausente que sorri com a chegada da primavera.

Cena fulgor

Como qualquer luminosa esfera de plasma, toda estrela tem um ciclo de vida.  Ao contrário do que pensamos, uma estrela cadente não é uma estrela, mas um meteóro que entra na nossa atmosfera, e ao sofrer atrito, deixa seu rasto.  Nesta madrugada vi uma estrela e vi seu rasto e o que ficou em mim foi o sorriso, como reflexo da imensa beleza de uma noite perfeita, onde só estrelas iluminavam o céu.  Não era uma estrela qualquer, seu rasto marcou o céu de quem cá ficou para vê-la.  A cena fulgor basta-me e permanece.

Antinconstitucionalissimamente

PNEUMOULTRAMICROSCOPICOSSILICOVULCANOCONIÓTICO!

domingo, 2 de março de 2008

Tradição e cultura

Tradição é a continuidade da rede entre o que penso e faço e o que meus antepassados pensavam e faziam.  A cultura é a rede, é A Rede.

Ovelhas e cabritas

Entre ruas de Matosinhos, a resistência da tradição agropecuária alegra a menina.  Há galinhas, patos, ovelhas e cabritas.  Mas com a chegada da primavera, as ovelhas e as cabritas vão para a "casa do senhor".  É tempo de renovar a terra.

Rosa morango sangue

É domingo no parque.  Em Portugal a brincadeira dá lugar à confusão.  Até quando a violência impor... haverá o medo.  Olha a faca, olha o sangue.  Amanhã terá feira na mesma, José?

sábado, 1 de março de 2008

Metropolis

Metropolis é o primeiro filme que aborda a fronteira entre homem e máquina da história do cinema. A primeira versão é de Fritz Lang (1927), a segunda, de Giorgio Moroder (1984).

443

Braços abertos sobre a Guanabara.  Este post é só porque, Rio, eu gosto de você.